Dramas

I - Não estou a pensar casar-me. (Ponto final)

Tudo começa com um “desta vez é para sempre, sinto-o nos ossos, és tu que vais tornar o meu mundo um lugar suportável”. A questão é apenas de tempo. Quanto tempo até a farsa se tornar evidente, quanto tempo até as cortinas de ilusão se desvanecerem e deixarem ver que por trás tudo é podre como sempre foi, quanto tempo até já não restar ninguém que seja capaz de acreditar que há realmente coisas que duram para sempre. A inevitável caminhada pela tão célebre estrada da amargura que todos percorremos em algum ponto das nossas vidas, aquele enorme trilho de pedras aguçadas que apenas termina na bifurcação, onde temos de optar pela desilusão ou pelo arrependimento.

II – A vida é uma desilusão.

Criamos as expectativas, ideais de felicidade e acreditamos piamente que vamos conseguir atingi-los. Vou ser capaz de ser feliz, vou realizar os meus sonhos, vou ser alguém que faz a diferença ou que é motivo de orgulho.

Lamento, isso não acontece.

A desilusão está iminente, em qualquer etapa da vida. Se ainda não aconteceu, está para breve. Se é já algo recorrente, só a torna mais previsível e facilita a justificação para a falta de crença nas coisas boas da vida, nos simples prazeres, que se tornam apenas momentâneos e que sabemos que não significam absolutamente nada. Nada.

Nada como boas doses de má disposição víperina, impertinência e escárnio para com tudo o que é “cor de rosa”, para que ninguém duvide que em breve vão estar no mesmo lugar que nós. Não é com nenhum objectivo macabro que digo o que digo, tento simplesmente poupar sentimentos, mais ou menos distantes, de inevitável desilusão.

III – O Amor não existe.

É um mito.